História

História do Sinttromar

Reconhecido por ser atuante e aguerrido na defesa da categoria, o Sinttromar é um dos sindicatos mais antigos de Maringá e região. Sua bela história de luta teve início em 13 de fevereiro de 1963, data em que se desmembrou do Sindicato Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Paraná (Sitro), passando a representar os condutores de veículos rodoviários em Maringá.

Por uma exigência da legislação da época, o Sinttromar funcionou nos dois primeiros anos como associação, período que precisou reunir no mínimo cem associados para, só então, tornar-se um sindicato. Superada essa etapa, a entidade surgiu com o nome de Sindicato dos Construtores de Veículos Rodoviários de Maringá, tendo por base Maringá e outros dez municípios da região.

Um dos primeiros dirigentes da entidade, Ronaldo José da Silva lembra que, no início, o sindicato funcionava numa sede alugada na Rua Joubert de Carvalho, perto da rodoviária antiga. “Eram apenas duas salas, com poucos filiados. Naquela época, as pessoas não sabiam muito sobre os sindicatos”, conta Ronaldo.

Primeira diretoria

O primeiro presidente do Sindicato dos Condutores de Veículos Rodoviários de Maringá foi o senhor Pedro Antônio Machado (in memoriam). À época funcionário da Transportadora Maior, coube a Machado a formação da primeira diretoria do sindicato, sendo aquele, talvez, o maior desafio da história da entidade.

A diretoria formada por Machado incluía alguns trabalhadores da Viação Maringá (atual TCCC), entre eles o jovem Ronaldo, que aceitou o convite sem saber ao certo qual era a função social e trabalhista de um sindicato. “O presidente veio até mim e meus colegas, perguntando se a gente aceitava participar da diretoria do sindicato. Dissemos que sim, mas a gente nem sabia ao certo o que era um sindicato”, lembra Ronaldo.

A organização sindical dos trabalhadores gerou retaliações por parte da Viação Maringá. Numa primeira ofensiva, dirigentes da empresa, diz Ronaldo, chegaram a viajar a Brasília para tentar impedir a criação do novo sindicato. Sem obter êxito (o Brasil ainda não vivia o pior da ditadura militar), os patrões passavam a coagir os novos sindicalistas.

“Começaram a cortar benefícios, a ameaçar de demissão. Todos os demais dirigentes pediram baixa no sindicato, menos eu. Sofri várias represálias [da diretoria da empresa]”, conta Ronaldo, que era cobrador na Viação Maringá.

Ditadura Militar

Machado e os demais dirigentes sindicais precisaram de muita diplomacia e jogo de cintura para evitar a extinção do sindicato a partir de 13 de dezembro de 1968. Naquela data, o governo do general Costa e Silva baixou o Ato Institucional nº 5 (AI-5), fechando o Congresso Nacional e as assembleias legislativas, impondo a censura e restringindo os direitos individuais.

Foram dias sombrios, e os dirigentes sindicais sabiam que o sindicato corria risco iminente de ser fechado. No AI-5 não era possível fazer os devidos enfrentamentos da luta sindical, sob o risco de destituição do cargo e até mesmo de prisão. E para ser preso, na época, bastava discordar do sistema. Greve por direitos trabalhistas era algo impensável.

No AI-5, a situação piorou de vez. Os sindicatos ficaram reféns da situação, com o general Adalberto Maria assumindo como delegado regional do Trabalho no Paraná. “Quando os militares alegavam alguma irregularidade, mesmo não havendo nada de errado, o sindicato tinha pouco ou nenhum direito de defesa”, conta Ronaldo. “Quem caía numa junta governativa muito dificilmente voltava para o sindicato. Passamos por essa situação toda até o fim do AI-5”, acrescenta.

“O AI-5 foi a expressão mais acabada da ditadura militar brasileira (1964-1985). Vigorou até dezembro de 1978 e produziu um elenco de ações arbitrárias de efeitos duradouros. Definiu o momento mais duro do regime, dando poder de exceção aos governantes para punir arbitrariamente os que fossem inimigos do regime ou como tal considerados”, explica a pesquisadora Maria Celina D’Araujo, da Escola de Ciências Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Presidentes

Após a gestão de Machado, o segundo presidente do Sindicato dos Condutores de Veículos Rodoviários de Maringá foi Bernardo Sanches Gomes (in memoriam). Ele presidiu a instituição entre o fim dos anos 1960 e 1986. Quase todo o seu mandato se passou na ditadura militar, que chegou ao fim em 1985.

O sindicato teve, ao longo de sua história, a tradição de realizar eleições regulares para a composição da diretoria. No entanto, na maioria das vezes as eleições tiveram chapa única, fato que indica a aprovação da categoria em relação ao trabalho realizado.

Em 1986, Ronaldo se candidatou a presidente pela presidente pela primeira vez, tornando-se o terceiro líder sindical a comandar o Sindicato dos Condutores de Veículos Rodoviários de Maringá, permanecendo no cargo desde então.

Novo nome

No início da gestão de Ronaldo José da Silva, a entidade passa a se chamar Sindicato dos Motoristas Rodoviários de Maringá (Sinttromar), em seu nome reduzido; ou Sindicato dos Motoristas Condutores de Veículos Rodoviários e Trabalhadores em Empresas de Transporte de Cargas, Passageiros Urbanos, Motoristas, Cobradores de Linhas Intermunicipais, Interestadual e de Turismo e Anexos de Maringá (nome completo).

Segundo Ronaldo, a mudança foi decorrente da necessidade de uma abrangência maior da base, por conta do crescimento do número de sindicatos patronais na região. O registro do nome Sinttromar ocorreu em cartório e no Ministério do Trabalho, após o cumprimento de todas as normas e mediante aprovação em assembleia da categoria.

Com a liberdade sindical, assegurada pela Constituição de 1988, o Sinttromar não parou de crescer. Atualmente, a base territorial inclui 55 municípios da região de Maringá, incluindo Cianorte e Paranavaí – cidades onde o Sinttromar possui subdelegacias. Campo Mourão e Apucarana acabaram se desmembrando da base territorial de Maringá.