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Artigo: Greve dos Caminhoneiros: reivindicação legítima ou mais um ato político da extrema direita?

A notícia de um novo movimento paredista (greve, paralisação) articulado por associações e entidades autodenominadas representantes dos trabalhadores rodoviários, anuncia uma paralisação geral dos transportes para o próximo dia 4 de dezembro de 2025, em todo o país. No entanto, é imprescindível uma análise cuidadosa — especialmente à luz dos acontecimentos de 2018 — quando um movimento sem liderança legítima, sem organização sólida, sem pauta estruturada e com forte viés político acabou trazendo mais prejuízos do que avanços reais para a categoria.
A categoria dos caminhoneiros, sem sombra de dúvida, é uma das mais exploradas do país. Tanto motoristas profissionais empregados quanto autônomos convivem com a falta de infraestrutura, baixos salários, inexistência de pontos de parada adequados e custos elevados para se manter na atividade. Essa é a pauta verdadeira e histórica dos trabalhadores da estrada.
Mas surge então as perguntas fundamentais: é realmente por esses motivos que se articula o movimento atual? E, se sim, é possível organizá-lo de forma séria e efetiva em tão curto espaço de tempo?
Lembro-me de que, em 2018, a participação dos Sindicatos foi rejeitada. Bastava ser sindicalista para correr o risco real de agressão; o clima era hostil e alimentado por lideranças improvisadas. No final, ficou para os sindicatos a tarefa de garantir alimentação e água aos caminhoneiros — muitos dos quais nem sabiam ao certo por que estavam ali. Enquanto isso, autoproclamadas lideranças ganhavam notoriedade, impulsionadas por interesses empresariais determinados a enfraquecer, quando não destruir, as entidades reais de representação dos trabalhadores.
O resultado é conhecido: muitos caminhoneiros sofreram sequelas sérias, econômicas e emocionais, após servirem como massa de manobra. Enquanto isso, grandes transportadoras seguiram operando normalmente, usufruindo das vantagens conquistadas às custas de quem precisava trabalhar hoje para comer amanhã.
Pode parecer, a quem lê este alerta, que “virei a casaca” ou que esteja contrário à luta dos trabalhadores. Longe disso. Sou totalmente favorável à mobilização legítima, consciente e organizada. Contudo, uma greve mal orientada, fundada em motivações políticas e não nas necessidades reais da categoria, pode gerar frustração, descrédito e retrocessos profundos. Movimentos assim enfraquecem a luta de classe e colocam em risco uma categoria estratégica para qualquer mobilização nacional dos trabalhadores.
Diante de tudo isso, torna-se essencial perguntar:
A quem realmente interessa esse movimento? Quais são seus verdadeiros objetivos?
A resposta sincera a essas perguntas pode ser a diferença entre fortalecer a categoria ou colocá-la novamente nas mãos de oportunistas.
EMERSON LUIS VIANA SILVA – VICE – PRESIDENTE DO SINDICATOS DOS RODOVIÁRIOS DE MARINGÁ

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